segunda-feira, 25 de abril de 2011


Há alguns anos atrás, andando pelas ruas de uma iluminada Paris, havia um jovem garoto de uns dezoito anos, filho de um casal que possuia um movimentado bar da cidade. Ele fazia faculdade de artes desde o semestre anterior. O garoto crescera sempre cercado das mais variadas misturas de bebidas alcoólicas, mulheres semi-nuas, homens semi-nús, bêbados e artistas loucos. O bar de seu pai, como vocês podem imaginar, não era bem um dos mais sofisticados da cidade, mas isso não impedia que fosse um dos mais procurados. Na terra do Moulin Rouge e da Torre Eiffel as pessoas não pederiam ser menos paradoxais que seus pontos turísticos. Os mais cultos franceses resolviam, após suas visitas ao Louvre e outros museus, dar uma passada no apimentado bar dos pais do garoto. As noites no estabelecimento nunca eram as mesmas. As pessoas que frequentávam o bar, dos mais certinhos aos mais devassos, faziam de cada noite uma noite única naquele aconchegante bar de madeira de uma rua nada calma da Cidade do Amor.

O Barman é como o garoto ficou conhecido após assumir o posto de fazedor de drinks do bar de seus pais. Era uma função estratégica da qual ele tirava muitos proveitos. Os flertes diários eram deixas para que ele deixasse o seu ajudante encarregado dos drinks por 15 minutos enquanto corria para o depósito nos fundos com uma, duas ou até três pessoas em seu encalço. Aquele velho depósito, onde eram guardados os líquidos mais impressionantes feitos pelo homem, desde litros de rum envelhecido até garrafas empoeiradas de whisky, foi testemunha de orgias inimagináveis até pelas mais alucinadas bacantes de Dionísio. Moças com olhares céticos ao entrar, saiam com sorrisos bobos estampado em seus rostos junto aos seus cabelos desgrenhados. Os rapazes, que entravam procurando garrafas de vodka, saiam apenas confusos, quando não estavam bêbados o suficiente para sairem do depósisto direto para cima das mesas e começarem a dançar. Após uns meses a fama do bar acabou aumentando, e os pais d'O Barman continuavam alheios ao motivo do aumento dessa fama. Homens e mulheres de toda Paris iam ao bar à procura do famoso depósito. A senha para aposento era pedir uma dose de Absinto, outra especialidade d'O Barman, que fazia o ritual como nenhuma outra pessoa fazia.

Mas infelizmente houve um momento em que chegou aos ouvidos dos donos do bar o que acontecia dentro do depósito do estabelecimento deles. Imediatamente o pai d'O Barman desceu até o depósito e quando chegou, lá estava o seu filho com outro homem e mais duas mulheres, todos sem roupas e regados à um muito verde Absinto. Não foram ditas muitas palavras, o pai dele disse que o queria fora da sua casa ainda naquela noite, e ele não teve outra opção senão partir. Pegou suas roupas e um bom dinheiro que estava guardando há um tempo e saiu. Além do seu dinheiro e suas roupas, O Barman apenas tinha sua arte e as receitas dos mais fabulosos drinks na mente. Estava pensando em ir a um hotel passar a noite, mas foi ai que viu um anúncio no chão que chamou a sua atenção. Era um anúcio de uma agência de viajens para um país do qual ele já ouvira muito falar. Mudou de ideia em relação ao hotel, guardou o papel no bolso e pegou um táxi para o aeroporto. Ele iria construir sua própria fama em um lugar novo, e como se nada no mundo fosse mais certo que isso, falou para o atendente da linha aérea: Eu quero uma passagem só de ida para o próximo vôo para o Brasil.

1 pitacos no Boteco.:

Anônimo disse...

Parece que O Barman sabe viver a vida intensamente. Mas como sempre o Brasil sempre passa essa imagem de "intensidade",mas apenas para aqueles que não sabem observar os detalhes...! De qualquer forma Barman, seja bem-vindo a este "maravilhoso" país!

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