quarta-feira, 27 de abril de 2011




Uma rotina diferente para uma jovem de dezoito anos. Trabalhar em uma casa de shows nas noites do México e ter uma vida em meio ao calor humano, ao som estupidamente alto, às bebidas e, desde seus dezessete, a uma bebida em especial. A tequila, que já era sua amiga antes, mas agora era sua fiel parceira. Foi com ela que a garota conheceu novas pessoas, novos hábitos e novos mundos. Um verdadeiro aprendizado. Mundano, claro.

Todos na cidade já sabiam da Jovem Tequileira, o rosto angelical, o corpo que exalava pecado, o tipo buscado pela maioria dos homens que frequentavam aquele ambiente. Até que apareceu um homem. Alto, moreno, lindo, quase perfeito. Isso porque, dentre tantas qualidades, ele era casado. Mas isso não foi obstáculo. Ele investiu, insistiu e ela acabou cedendo. Começaram a se falar, a se encontrar, e ela, a se apaixonar. Era proibido, era mais interessante. O que era para ser algo passageiro tornou-se um mar de ilusões para ela.

Depois de uns bons meses só nas conversas e promessas, chegou o dia. Ele havia dito que tinha uma surpresa, ela logo imaginou a cena. “Ele vai dizer que se separou e que quer oficializar nosso relacionamento”. Ficou repetindo essa imagem na cabeça o tempo todo. Ficou imaginando também a cara de todos os homens que só iam para a boate para vê-la. Ela sabia que era o objeto de desejo de cada homem que passava por suas mãos. Ela balançava, portanto, não só suas cabeças, mas seus instintos, seus desejos.

Foi tudo bem rápido. Ela foi encontrá-lo, ele não disse nada. E quando ela foi tentar puxar conversa, ele calou-a com um beijo. Esse beijo resultou, no entanto, em muitas outras coisas. Lá estava ela, na casa do seu amado, realizando o seu mais novo sonho. De tê-lo em seus braços, ouvindo-o se declarar. Era isso que ela pensava, mas não.
Ele havia preparado todo o terreno para uma única coisa. A tal surpresa. Beijos, abraços, mãos, línguas, pernas, braços, corpos. Eram todos um só. Ela não resistiu aos encantos dele. Acabou se entregando de verdade. No fim, ele disse que a surpresa era aquela. O sexo.

Ela ficou arrasada. Viu-se usada, suja, idiota. Viu que o seu atrativo era apenas o fetiche. Ela era só mais um trofeuzinho de um cara qualquer. Sentiu-se humilhada e, tentando deixar tudo de ruim para trás, respondeu um e-mail há muito esquecido. Era um pedido, o mais ousado de todos. Sua resposta foi curta, mas decisiva: “Desculpe-me a demora, mas agora eu decidi. Minha resposta é sim”.

Ela acabava de aceitar um chamado. Uma nova etapa de sua vida estava para começar. Arrumando suas malas, pensou no futuro. Em outro lugar, sua vida seria outra. Não cometeria os mesmos erros. Seu destino, um novo mundo. Outro país, um país parecido, quente e agitado. O Brasil. Lá ela seria A Tequileira. Mesmo rosto, mesmo corpo, mesma sensualidade, mesmo encanto. O coração? Ah, esse ela fez questão de deixar na casa daquele idiota. Quebrado ele não servia mais.

1 pitacos no Boteco.:

Anônimo disse...

Seus textos são muito bons, sabia? :) SUCESSO.
http://senhoritaliberdade.blogspot.com/

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